quinta-feira, 14 de abril de 2011

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Antônio Cícero e Francisco Bosco debatem princípios filosóficos e as diferenças entre música e poesia na segunda noite do Banquete de Livros


 A segunda noite do Banquete de Livros, 13 de abril, ofereceu ao público um debate entre os autores Antônio Cícero e Francisco Bosco. A conversa, mediada pelo professor André Barcellos do Centro Editorial Gráfico (Cegraf) da UFG, foi marcado pelo tom  descontraído e teve em seu público um grande número de alunos e servidores da instituição.


Francisco Bosco, que é escritor, letrista e ensaísta, iniciou o debate discutindo a singularidade da obra musical de Noel Rosa, destacando a capacidade do compositor de conciliar o poético e o coloquial nas letras de suas músicas. Bosco falou sobre o diferencial que Noel Rosa representa para o período em que lançou suas obras, os anos 30, em que a grande maioria das canções eram anacrônicas e sem pretensões poéticas ou um tributo à cultura européia. Neste cenário, Noel Rosa foi o primeiro a cantar sobre as transformações e a modernidade, com letras que, sob a análise filosófica de Bosco, são um diagnóstico da ética da sociedade de sua época. Em sua análise, Noel Rosa fez uso (mesmo que inconscientemente) de princípios da filosofia na composição de sua obra, percebendo o "sentido oculto da realidade de modo manifesto".

Na continuação do debate, o filósofo e grande nome da poesia brasileira contemporânea Antônio Cícero, usou da obra musical de Caetano Veloso para estabelecer uma distinção entre música e poesia escrita. " O poema tem sua finalidade em si próprio, já a letra de música é feita para ser ouvida, sua finalidade é a canção de que faz parte," explica ele. Cícero discutiu também as diferentes interpretações de poema e música, mostrando que mesmo que o artista faça uma música de conteúdo poético, esta será interpretada de certa forma quando lida e de outra forma diferente quando ouvida.

Encaminhados pelas duas análises iniciais, os convidados debateram com participação do público, a diferença entre poesia musical e poesia escrita. Foram levantados tópicos sobre o valor da reflexão e da imaginação no ato da leitura e acerca da função poética de mergulhar o leitor nas palavras, tirando-o do cotidiano utilitário. Bosco e Cícero conversaram com o público sobre as dificuldades de transpor a linguagem de uma obra de arte para outra área, nas palavras de Cícero: "uma obra boa em sua área não garante a qualidade quando traduzida para outra".

Ao fim do debate, foi iniciada uma sessão de autógrafos dos dois autores, que conversaram sobre suas obras com os leitores.

Fonte: Ascom/UFG

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